Quem foi Helenira Resende

Helenira Resende de Souza Nazareth era o nome completo de uma moça que ousou, sonhou e lutou por um Brasil diferente, um Brasil que pudesse ser do povo e não mais dos generais e dos grandes empresários. "Lenira" (como era chamada no bairro onde morava), "Nira" (como era chamada em casa) ou simplesmente, "Preta" (como era chamada pelos colegas), o nome não importava, importava a vontade dela de fazer a diferença no país. Em 1968, quando a Ditadura Civil-Militar chegou no seu ponto mais crítico, Helenira foi eleita Vice-Presidente da UNE e foi ocupando esse cargo que ela foi presa pela primeira vez enquanto convencia colegas a participarem de uma passeata em maio daquele ano. Ainda em 1968, no 30º CONUNE, realizado em Ibiúna (SP), Helenira foi presa pela segunda vez junto com outros 800 estudantes. Desta vez, fora levada ao DOPS/SP e torturada pelo Delegado Fleury, o mesmo responsável pela morte de Marighella e outros muitos militantes guerrilheiros. Por sorte, seu habeas corpus foi conquistado um dia antes da promulgação do AI-5. A UNE foi declarada uma entidade ilegal, assim como os partidos políticos. Fora da prisão, Helenira não tinha outra alternativa senão entrar para a clandestinidade, decidiu então, chamar-se Fátima e a partir daí ajudou a organizar a luta armada em diversos pontos do país. Em 1966 o PCdoB realizou sua IV Conferência, e nela ficou decidida que o caminho para a Revolução seria somente pelo viés da luta armada rural, ou seja, longe dos grandes centros urbanos e, consequentemente, dos olhos dos generais. Foi escolhida, então, a região do Araguaia, próxima das matas da Amazônia no sul do Pará e parte do Maranhão e Goiás (hoje Tocantins). Helenira foi uma das primeiras militantes a chegar na região, por volta de 1969. Levada para o sul do Pará, foi morar em uma casinha humilde e se fez passar por lavradora antes de entrar definitivamente na selva. Acordava cedo para capinar, plantar e colher seu alimento e o restante do dia dedicava a estudos marxistas e treinamento militar. Aos poucos, a convivência com o povo da região tornou-se amizade e muitas mulheres passaram a pedir para que Helenira fosse madrinha de seus filhos. Era a maneira que o povo achava de agradecer à moça inteligente e educada que nas horas vagas alfabetizava jovens e adultos sem pedir nada em troca. Na manhã quente de 12 de abril de 1972, um avião militar atravessou o céu trazendo maus presságios. Helenira testou os armamentos e a pontaria, a guerra iria começar. Era o primeiro dos três ataques militares na região. Os militares aterrorizavam a população dizendo que os militantes eram comunistas subversivos, queimavam árvores frutíferas (das quais os guerrilheiros se alimentavam) e destruíam tudo o que pudesse servir de utilidade militante. Em 29 de setembro de 1972 Helenira levantou-se cedo e foi a caminho de seu posto junto com o companheiro Nunes. O Exercito rondava o local com a ajuda de "bate-paus" (moradores da região que conhecedores da mata mostravam o caminho aos militares). Um camponês foi na frente, seguido de um time de soldados. Depararam-se com Nunes e Helenira. Ele, acionou a metralhadora, que falhou, e então, desapareceu no mato. Helenira, com a espingarda, acertou o primeiro soldado da fila. O segundo mandou-lhe uma rajada de metralhadora que atingiu-lhe as pernas. Helenira caiu e perdeu a espingarda. Ferida, sacou o revolver que trazia na cinta e atirou no militar que se aproximava, acertando-o em cheio. Ela só parou de atirar quando a munição chegou ao fim. Foi então cercada e questionada onde estavam ou outros militantes. Helenira respondeu: "Jamais entregaria meus companheiros! Eles me vingarão!". Ela então foi torturada e morta com golpes de baioneta na cabeça. Até hoje seus restos mortais estão desaparecidos. 

Helenira Resende: Presente! Presente! Presente!

Por Memória, Verdade e Justiça, seguiremos em Luta!

Referências Bibliográficas: 
RIBEIRO, Bruno. Helenira Resende e a Guerrilha do Araguaia. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Foto oficial do DOPS/SP quando  Helenira Resende
foi presa em 1968 durante o 30º CONUNE


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